quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A passagem pela adolescência em meio a influência das redes sociais





A palavra “adolescência” tem sua origem da palavra latina “adolesco”, que significa: “Crescer”. De acordo com o dicionário, adolescência define-se como: “período da vida humana que começa com a puberdade e se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas, estendendo-se, aproximadamente, dos doze anos aos vinte”. Portanto, se existe uma palavra que melhor possa definir esta fase da vida, a palavra é “transformação”, pois neste período as transformações tanto físicas, como psíquicas são percebidas e sentidas a flor da pele. E como em todo processo de transformação, podemos dizer que é um momento difícil e doloroso, cheio de inseguranças. É uma fase crítica, repleta de questionamentos e instabilidade, que se caracteriza pela busca de “si mesmo” e da própria identidade. Neste período da vida, começam a ser questionados pelo jovem muitos dos padrões que até então foram estabelecidos, bem como criticadas todas as escolhas de vida feita pelos pais, buscando assim a liberdade e auto-afirmação. Sendo assim, pode ser um período menos ou mais doloroso dependendo de diversos fatores do ambiente em que este jovem esteja inserido.
Que a adolescência é uma fase repleta de transformações e inseguranças, não é nenhuma novidade. No entanto, uma mudança que ocorreu na vida de todos foi o advento das redes sociais, que é um poderoso novo meio de relacionar-se com o outro e que exerce grande influência na sociedade em que os adolescentes de hoje estão inseridos. Seguramente, é possível afirmar que de todas as idades, a adolescência foi a mais afetada pelo acontecimento da internet. Que há um lado positivo para o qual foram criadas estas redes sociais, não podemos negar, mas é preciso ter atenção e cuidado, pois nelas as atitudes estão expostas para receber a opinião dos outros, que muitas vezes podem ser opiniões hostis. Além do que, é evidente uma “camarotização” da vida, onde todos precisam provar que são belos e felizes. Vive-se hoje num mundo em que a individualização é extrema e em que as pessoas são definidas por aquilo que consomem e não por seus valores. Além disto, os relacionamentos pessoais e familiares acabaram se tornando mais frágeis e inconsistentes, reflexo de uma sociedade narcísica, em que os valores como respeito ao outro se perderam.
Portanto, os adolescentes de antes tinham uma maneira de interagir com o mundo significativamente diferente da que tem os adolescentes de hoje. De modo que, o quarto do adolescente que antes podia ser considerado um lugar de reclusão íntima, demarcando sua posição na casa e na família, na verdade tornou-se hoje um portal para sua apreensão do mundo e das relações sociais através das redes, que nem sempre evidenciam a realidade. Enquanto os pais insistem que seus filhos ficam isolados e trancados por horas no quarto, estes dizem que estão em pleno contato com seus amigos.
Tendo isto em vista, o questionamento que devemos nos fazer é o seguinte: Como esta geração de adolescentes, que estão passando por uma fase tão difícil e tão decisiva, que é a transição da infância para a idade adulta, irão formar sua identidade em meio a este turbilhão de informações que são “despejadas” diariamente nas redes?
Neste momento, a melhor contribuição que os pais podem dar aos filhos é ensiná-los a ter autonomia. É preciso que os pais assumam uma posição de orientadores e facilitadores, auxiliando assim seus filhos a passarem com sucesso por este processo. Assim eles poderão formar com mais firmeza e clareza seu novo papel na sociedade como adultos. É fundamental estimular os adolescentes a terem uma atitude crítica, para que não se deixem levar pelo grupo, pela satisfação imediatista. Esses princípios podem ser inseridos pelo diálogo e acompanhamento, mas sempre lembrando que acompanhar não é o mesmo que invadir e controlar. Ou seja, o mais importante é que exista muita conversa e proximidade entre pais e filhos, pois só assim será possível que estes jovens se desenvolvam de maneira saudável.

terça-feira, 12 de julho de 2016

BRINCADEIRA SÉRIA: A importância do brincar no desenvolvimento infantil

  
A relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil tem sido um assunto recorrente, constantemente abordado em diversos estudos apoiados pela neurociência. Certamente, você já deve ter ouvido alguém falar, ou lido em algum lugar, que a brincadeira é importante na vida da criança e que esse momento deve ser respeitado. Mas será que você já questionou o motivo pelo qual profissionais especializados têm se preocupado tanto em falar sobre uma atividade que aparenta ser tão simples?
Nos dias atuais, quando as crianças se deparam com suas horas controladas, divididas entre escola,  cursos e outras tarefas extra curriculares, o tempo reservado para as brincadeiras tem sido cada vez menor, por serem consideradas pouco importantes. É muito comum escutar pais verbalizarem, cheios de orgulho, que as agendas superlotadas dos filhos não lhe permitem mais ter tempo para as brincadeiras, numa espécie de discurso que associa o brincar com irresponsabilidade e falta de compromisso para com os estudos. Com esse pensamento, inclusive, algumas famílias estão substituindo férias por reforço escolar, acreditando que seus filhos “estão sendo preparados para se tornarem pessoas responsáveis”.
O que muitas famílias não sabem, ou talvez ignorem, é que as brincadeiras são essenciais para a formação da criança (por esse motivo, é um direito garantido pela Constituição) e que ajudam a desenvolver diversas habilidades, dentre elas, motoras, cognitivas (percepção, memória, atenção, concentração, etc.) e emocionais. São essas habilidades, inclusive, que irão favorecer o processo de aprendizagem da leitura, escrita e matemática. Logo, a criança aprende brincando.
Aprende também a desenvolver seu potencial criativo, autonomia, a interagir com seus pares, a compartilhar ideias, assimilar regras e respeitá-las, a liderar, exercer trocas de papéis (através do faz-de-conta, fantasia), a solucionar situações-problema. Aprende a estruturar e desenvolver seu mundo interior, emocional, a lidar com frustrações, a amadurecer. Todas essas capacidades são essenciais ao seu futuro acadêmico e profissional.
Uma criança que não brinca, ou que brinca muito pouco, apresenta dificuldades em seu desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. Assim, respeitar o momento do brincar de seu filho significa respeitar sua infância e etapas de desenvolvimento, garantindo que ele cresça de forma saudável.
Assim como o trabalho é indispensável aos adultos, o brincar é coisa séria.


Texto de  Aline Dunham 

quinta-feira, 10 de março de 2016

 
" Fazer terapia significa trabalhar com alguém que é capaz de enfatizar e esclarecer a natureza e o significado de suas ações. Significa desenvolver uma relação em que é possível falar e sentir sem medo de reprimendas ou críticas. Significa envolver-se em uma relação autêntica, na qual não há necessidade de desempenhar papéis ou de ser quem não é.
Não significa que o analista está sempre certo em suas interpretações. Significa que ele está tentando entrar em sintonia com o analisado. Não significa que o analista acaba com frustrações ou que todos os equívocos do passado são corrigidos. Significa que o terapeuta está ali para tentar ajudar a romper o ciclo, para permitir que a consternação ocorra, para oferecer uma relação suficientemente segura a fim de que o indivíduo se arrisque a remover as barreiras de proteção que o impediram de experimentar aquelas memórias assustadoras há muito reprimidas.
Significa ser capaz de aceitar-se como um ser humano real, com direitos e obrigações, virtudes e fragilidades. 
Significa que o indivíduo deve aceitar que não precisa mais perseguir grandes objetivos, nem enaltecer-se a todo o momento. Mas, também, significa não se ver como impotente nem como a vítima oprimida. Significa aceitar a mortalidade e suas limitações.
Certamente, não significa que todos os problemas estão resolvidos para sempre. Significa estar ciente do seu papel como sabotador da sua vida, e resolver isso. Significa ser capaz de fazer escolhas e defendê-las."

__ Stanley Rosner e Patricia Hermes - O ciclo da autossabotagem