A palavra “adolescência” tem sua origem da palavra
latina “adolesco”, que significa: “Crescer”. De acordo com o dicionário,
adolescência define-se como: “período da vida humana que começa com a puberdade
e se caracteriza por mudanças corporais e psicológicas, estendendo-se,
aproximadamente, dos doze anos aos vinte”. Portanto, se existe uma palavra que
melhor possa definir esta fase da vida, a palavra é “transformação”, pois neste
período as transformações tanto físicas, como psíquicas são percebidas e
sentidas a flor da pele. E como em todo processo de transformação, podemos
dizer que é um momento difícil e doloroso, cheio de inseguranças. É uma fase crítica,
repleta de questionamentos e instabilidade, que se caracteriza pela busca de
“si mesmo” e da própria identidade. Neste período da vida, começam a ser
questionados pelo jovem muitos dos padrões que até então foram estabelecidos,
bem como criticadas todas as escolhas de vida feita pelos pais, buscando assim
a liberdade e auto-afirmação. Sendo assim, pode ser um período menos ou mais doloroso
dependendo de diversos fatores do ambiente em que este jovem esteja inserido.
Que a adolescência é uma
fase repleta de transformações e inseguranças, não é nenhuma novidade. No
entanto, uma mudança que ocorreu na vida de todos foi o advento das redes
sociais, que é um poderoso novo meio de relacionar-se com o outro e que exerce
grande influência na sociedade em que os adolescentes de hoje estão inseridos.
Seguramente, é possível afirmar que de todas as idades, a adolescência foi a
mais afetada pelo acontecimento da internet. Que há um lado positivo para o
qual foram criadas estas redes sociais, não podemos negar, mas é preciso ter
atenção e cuidado, pois nelas as atitudes estão expostas para receber a opinião
dos outros, que muitas vezes podem ser opiniões hostis. Além do que, é evidente
uma “camarotização” da vida, onde todos precisam provar que são belos e
felizes. Vive-se hoje num mundo em que a individualização é extrema e em que as
pessoas são definidas por aquilo que consomem e não por seus valores. Além
disto, os relacionamentos pessoais e familiares acabaram se tornando mais
frágeis e inconsistentes, reflexo de uma sociedade narcísica, em que os valores
como respeito ao outro se perderam.
Portanto, os adolescentes de antes
tinham uma maneira de interagir com o mundo significativamente diferente da que
tem os adolescentes de hoje. De modo que, o quarto do adolescente que antes
podia ser considerado um lugar de reclusão íntima, demarcando sua posição na
casa e na família, na verdade tornou-se hoje um portal para sua apreensão do
mundo e das relações sociais através das redes, que nem sempre evidenciam a
realidade. Enquanto os pais insistem que seus filhos ficam isolados e trancados
por horas no quarto, estes dizem que estão em pleno contato com seus amigos.
Tendo isto em vista, o questionamento
que devemos nos fazer é o seguinte: Como esta geração de adolescentes, que
estão passando por uma fase tão difícil e tão decisiva, que é a transição
da infância para a idade adulta, irão formar sua identidade em meio a este
turbilhão de informações que são “despejadas” diariamente nas redes?
Neste momento, a melhor
contribuição que os pais podem dar aos filhos é ensiná-los a ter autonomia. É preciso
que os pais assumam uma posição de orientadores e facilitadores, auxiliando
assim seus filhos a passarem com sucesso por este processo. Assim eles poderão
formar com mais firmeza e clareza seu novo papel na sociedade como adultos. É
fundamental estimular os adolescentes a terem uma atitude crítica, para que não
se deixem levar pelo grupo, pela satisfação imediatista. Esses princípios podem
ser inseridos pelo diálogo e acompanhamento, mas sempre lembrando que
acompanhar não é o mesmo que invadir e controlar. Ou seja, o mais importante é
que exista muita conversa e proximidade entre pais e filhos, pois só assim será
possível que estes jovens se desenvolvam de maneira saudável.