A relação entre o brincar e o
desenvolvimento infantil tem sido um assunto recorrente, constantemente
abordado em diversos estudos apoiados pela neurociência. Certamente,
você já deve ter ouvido alguém falar, ou lido em algum lugar, que a
brincadeira é importante na vida da criança e que esse momento deve ser
respeitado. Mas será que você já questionou o motivo pelo qual
profissionais especializados têm se preocupado tanto em falar sobre uma
atividade que aparenta ser tão simples?
Nos dias atuais, quando as crianças se
deparam com suas horas controladas, divididas entre escola, cursos e
outras tarefas extra curriculares, o tempo reservado para as
brincadeiras tem sido cada vez menor, por serem consideradas pouco
importantes. É muito comum escutar pais verbalizarem, cheios de orgulho,
que as agendas superlotadas dos filhos não lhe permitem mais ter tempo
para as brincadeiras, numa espécie de discurso que associa o brincar com
irresponsabilidade e falta de compromisso para com os estudos. Com esse
pensamento, inclusive, algumas famílias estão substituindo férias por
reforço escolar, acreditando que seus filhos “estão sendo preparados
para se tornarem pessoas responsáveis”.
O que muitas famílias não sabem, ou
talvez ignorem, é que as brincadeiras são essenciais para a formação da
criança (por esse motivo, é um direito garantido pela Constituição) e
que ajudam a desenvolver diversas habilidades, dentre elas, motoras,
cognitivas (percepção, memória, atenção, concentração, etc.) e
emocionais. São essas habilidades, inclusive, que irão favorecer o
processo de aprendizagem da leitura, escrita e matemática. Logo, a
criança aprende brincando.
Aprende também a desenvolver seu
potencial criativo, autonomia, a interagir com seus pares, a
compartilhar ideias, assimilar regras e respeitá-las, a liderar, exercer
trocas de papéis (através do faz-de-conta, fantasia), a solucionar
situações-problema. Aprende a estruturar e desenvolver seu mundo
interior, emocional, a lidar com frustrações, a amadurecer. Todas essas
capacidades são essenciais ao seu futuro acadêmico e profissional.
Uma criança que não brinca, ou que
brinca muito pouco, apresenta dificuldades em seu desenvolvimento
cognitivo, motor e emocional. Assim, respeitar o momento do brincar de
seu filho significa respeitar sua infância e etapas de desenvolvimento,
garantindo que ele cresça de forma saudável.
Assim como o trabalho é indispensável aos adultos, o brincar é coisa séria.
Texto de Aline Dunham