sexta-feira, 21 de março de 2025

O contato intimo e delicado na relação analítica


A cada dia, vejo como acessar o que há de mais privado de alguém, requer um trabalho altamente refinado, exigindo sensibilidade e contato afetivo.

Sem isto, facilmente corre-se o risco de ser sentida como invasiva.

Afinal, certas coisas, de tão delicadas e espinhosas, temos dificuldades para tocá-las (até por nós próprios - quem dirá serem compartilhadas e tocadas por outro).

Capacidade de esperar é uma das características essenciais para habitar o espaço que é compartilhado aos poucos por cada paciente.

Alguns são como belas flores, solitárias e inacessíveis; Isoladas em um frio jardim de inverno.

É preciso fé para que os sentidos surjam 
(foi algo que li sobre Bion estes dias).

Estas palavras são apenas alguns devaneios que resolvo compartilhar por aqui.

E assim caminhamos juntos.

Cristiane Borsatto Santiago
Psicóloga CRP 06/120765
Consultório presencial em Itanhaém-SP ou on-line.
psicologacristianebs@gmail.com
Tel.: (13)99723-4954

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Sobre a dor psíquica e o distanciamento de quem somos






A vida acontece, e não há como passar por ela sem dores.

Nem só de dores a vida é feita, mas penso que momentos dolorosos são inevitáveis.

A dor psíquica, ou sofrimento mental, referem-se às aflições emocionais que inevitavelmente vivemos dentro de nós.

Nossa tendência é evitar o desprazer, e com isto, criamos barreiras para nos proteger do que nos faz sofrer.

Mas neste movimento, fugimos e negamos tanto, ao ponto de nos distanciar de quem somos, pois tudo que sentimos (seja o que é agradável ou desagradável) faz parte do que a gente é.

Li uma frase do Ferreira Gullar, que dizia: “Tenho que viver a realidade das coisas, por mais que doa”. Acredito que em certa medida, ele tem razão, mas também acredito que através do amor, das artes e da criatividade, surgem caminhos possíveis para lidarmos com as dores de forma mais suportável, elas nos fornecem maior sustentação.

Não me refiro a fugir da dor, pois isso implicaria em fugirmos de nós, e como diz o título de um livro de uma autora com quem tive o privilégio de aprender: “ninguém escapa de si mesmo” (Paulina Cymrot).

Em psicanálise, não criamos habilidades para não sentirmos mais dores. Mas sim, desenvolvemos e fortalecemos uma maior capacidade para lidar com elas.

Na medida em que nos conhecemos, no sentido de entrar mais em contato com o que sentimos, nos tornamos mais capazes de tolerar e conviver com a dor, sem buscar anestésicos que nos distanciam de quem somos.

Ontem, uma bela citação do casal Rocha Barros me encontrou em meio a um texto, e que dizia resumidamente, o seguinte: “É quando ampliamos nossa capacidade de comunicação conosco [...] que desenvolvemos a capacidade para lidar com o sofrimento psíquico [...]”.

Este recorte me nutriu e estimulou para a escrita desta reflexão. Espero que minhas palavras também possam tocar e acrescentar algo para quem as ler.

Cristiane Borsatto Santiago
Psicóloga – CRP 06/120765
Psicoterapia de orientação psicanalítica em Itanhaém-SP (ou on-line).

👉psicologacristianebs@gmail.com / 55 13 99723-4954

Perdas



Ao longo da vida, inevitavelmente precisamos lidar com inúmeras perdas.

Perda das horas passadas, dos momentos vividos, dos papéis exercidos, das pessoas que amamos, dentre tantas outras situações que se findam.

Diante disto, árduos processos de luto dentro de nós precisam ser elaborados por toda vida.

Perder, sem dúvidas, trata-se de algo doloroso, mas é preciso abrir mão do momento presente, para se obter acesso ao momento seguinte.

Semelhante às folhas das árvores, que para permitirem que novas folhas brotem, deixam que as folhas secas o vento leve🌬️🍂🍂

De modo simples, mas ao mesmo tempo sofisticado, Manoel de Barros nos acalentou em relação a isso quando escreveu que as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes.


Psicóloga Cristiane Borsatto Santiago
CRP 06/120765
psicologacristianebs@gmail.com
55 13 997234954

terça-feira, 4 de junho de 2024

Sobre as mudanças em nós

 


Outro dia li uma frase por aqui pelas redes, que falava algo sobre a importância de voltarmos a antigos lugares para nos darmos conta de nosso crescimento. Não lembro bem onde li, mas aquilo trouxe uma sensação que fez muito sentido. 


Hoje ao me deparar com este trecho de Fernando Pessoa: “… nunca voltarei porque nunca se volta. O lugar a que se volta é sempre outro.”, revivi tal sensação, e me peguei diante de algumas reflexões. Dentre elas, sobre como ao longo da vida lidamos o tempo todo com a transitoriedade das coisas (como já nos disse Freud em 1916, no belíssimo texto “Sobre a transitoriedade”). 

 

Penso que de modo semelhante acontece com nossas emoções, nossas histórias, principalmente nossas “Estórias” e tudo que carregamos em nosso interior diante dos variados momentos que vivemos.

 

Perceber tais mudanças, por um lado, pode parecer um tanto assustador, já que evidencia nossas instabilidades, vulnerabilidades e falta de controle. No entanto, por outro lado há algo de muito belo nisso, que denota nossa capacidade para flexibilidade mental e para descoberta inesgotável do novo em nós.


Em última análise, vejo este processo de mudanças internas como sinônimo de transformação e desenvolvimento. E quão adorável é se ver em desenvolvimento, não é mesmo?



Cristiane Borsatto Santiago

Psicóloga CRP 06/120765

Atendimento presencial em Itanhaém-SP ou on-line.

 👉 Página Instagram 

E-mail: psicologacristianebs@gmail.com

Contato: (13) 99723-4954

sexta-feira, 1 de março de 2024

"Cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem, e os olhos vêem o que querem ..."


 

"Cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem, e os olhos vêem o que querem [...]"

Uma reflexão que este trecho me traz, é o quanto nós como humanos, olhamos para o mundo através de lentes que o torna mais tolerável às nossas necessidades e desejos mais íntimos.

Temos a tendência de criar verdades consolatórias, a fim de evitar aquilo que é doloroso. Desta forma, através das fantasias que criamos, distorcemos a realidade para atender nossos anseios.

Com isto, nos protegemos do que dói, o que muitas vezes é um recurso necessário para nossa sobrevivência psíquica, mas o grande problema, é quando tais distorções nos trazem muito mais perdas do que ganhos.

Às vezes mais sofrimento, distanciamento daqueles que amamos e também daquilo que realmente somos. Vivendo isolados em um mundo irreal. Como numa gaiola imaginária, que só existe dentro de nós e impede nosso crescimento.

Cristiane Borsatto Santiago
Psicóloga CRP 06/120765
psicologacristianebs@gmail.com
tel.: 13 99723-4954

Sobre (Re) contar a história...


Às vezes é preciso re(contar) a história para re(descobrir) quem se é.

Afinal, o que ficou dela?

O que dela tem serventia?

E o que dela dá cor ao que se é hoje?

Se não tem serventia? Por que insistir?

Re(significar) é preciso.

Quem sabe assim, seja possível construir novos capítulos com autoria própria.


Cristiane Borsatto Santiago

Psicóloga CRP 06/120765

psicologacristianebs@gmail.com

tel. 13 99723-4954



"Sentir-se real é mais do que existir; é encontrar um modo de viver com si mesmo [...]"