A vida acontece, e não há como passar por ela sem dores.
Nem só de dores a vida é feita, mas penso que momentos dolorosos são inevitáveis.
A dor psíquica, ou sofrimento mental, referem-se às aflições emocionais que inevitavelmente vivemos dentro de nós.
Nossa tendência é evitar o desprazer, e com isto, criamos barreiras para nos proteger do que nos faz sofrer.
Mas neste movimento, fugimos e negamos tanto, ao ponto de nos distanciar de quem somos, pois tudo que sentimos (seja o que é agradável ou desagradável) faz parte do que a gente é.
Li uma frase do Ferreira Gullar, que dizia: “Tenho que viver a realidade das coisas, por mais que doa”. Acredito que em certa medida, ele tem razão, mas também acredito que através do amor, das artes e da criatividade, surgem caminhos possíveis para lidarmos com as dores de forma mais suportável, elas nos fornecem maior sustentação.
Não me refiro a fugir da dor, pois isso implicaria em fugirmos de nós, e como diz o título de um livro de uma autora com quem tive o privilégio de aprender: “ninguém escapa de si mesmo” (Paulina Cymrot).
Em psicanálise, não criamos habilidades para não sentirmos mais dores. Mas sim, desenvolvemos e fortalecemos uma maior capacidade para lidar com elas.
Na medida em que nos conhecemos, no sentido de entrar mais em contato com o que sentimos, nos tornamos mais capazes de tolerar e conviver com a dor, sem buscar anestésicos que nos distanciam de quem somos.
Ontem, uma bela citação do casal Rocha Barros me encontrou em meio a um texto, e que dizia resumidamente, o seguinte: “É quando ampliamos nossa capacidade de comunicação conosco [...] que desenvolvemos a capacidade para lidar com o sofrimento psíquico [...]”.
Este recorte me nutriu e estimulou para a escrita desta reflexão. Espero que minhas palavras também possam tocar e acrescentar algo para quem as ler.
Cristiane Borsatto Santiago
Psicóloga – CRP 06/120765
Psicoterapia de orientação psicanalítica em Itanhaém-SP (ou on-line).
👉psicologacristianebs@gmail.com / 55 13 99723-4954
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