segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Sobre a dor psíquica e o distanciamento de quem somos






A vida acontece, e não há como passar por ela sem dores.

Nem só de dores a vida é feita, mas penso que momentos dolorosos são inevitáveis.

A dor psíquica, ou sofrimento mental, referem-se às aflições emocionais que inevitavelmente vivemos dentro de nós.

Nossa tendência é evitar o desprazer, e com isto, criamos barreiras para nos proteger do que nos faz sofrer.

Mas neste movimento, fugimos e negamos tanto, ao ponto de nos distanciar de quem somos, pois tudo que sentimos (seja o que é agradável ou desagradável) faz parte do que a gente é.

Li uma frase do Ferreira Gullar, que dizia: “Tenho que viver a realidade das coisas, por mais que doa”. Acredito que em certa medida, ele tem razão, mas também acredito que através do amor, das artes e da criatividade, surgem caminhos possíveis para lidarmos com as dores de forma mais suportável, elas nos fornecem maior sustentação.

Não me refiro a fugir da dor, pois isso implicaria em fugirmos de nós, e como diz o título de um livro de uma autora com quem tive o privilégio de aprender: “ninguém escapa de si mesmo” (Paulina Cymrot).

Em psicanálise, não criamos habilidades para não sentirmos mais dores. Mas sim, desenvolvemos e fortalecemos uma maior capacidade para lidar com elas.

Na medida em que nos conhecemos, no sentido de entrar mais em contato com o que sentimos, nos tornamos mais capazes de tolerar e conviver com a dor, sem buscar anestésicos que nos distanciam de quem somos.

Ontem, uma bela citação do casal Rocha Barros me encontrou em meio a um texto, e que dizia resumidamente, o seguinte: “É quando ampliamos nossa capacidade de comunicação conosco [...] que desenvolvemos a capacidade para lidar com o sofrimento psíquico [...]”.

Este recorte me nutriu e estimulou para a escrita desta reflexão. Espero que minhas palavras também possam tocar e acrescentar algo para quem as ler.

Cristiane Borsatto Santiago
Psicóloga – CRP 06/120765
Psicoterapia de orientação psicanalítica em Itanhaém-SP (ou on-line).

👉psicologacristianebs@gmail.com / 55 13 99723-4954

Perdas



Ao longo da vida, inevitavelmente precisamos lidar com inúmeras perdas.

Perda das horas passadas, dos momentos vividos, dos papéis exercidos, das pessoas que amamos, dentre tantas outras situações que se findam.

Diante disto, árduos processos de luto dentro de nós precisam ser elaborados por toda vida.

Perder, sem dúvidas, trata-se de algo doloroso, mas é preciso abrir mão do momento presente, para se obter acesso ao momento seguinte.

Semelhante às folhas das árvores, que para permitirem que novas folhas brotem, deixam que as folhas secas o vento leve🌬️🍂🍂

De modo simples, mas ao mesmo tempo sofisticado, Manoel de Barros nos acalentou em relação a isso quando escreveu que as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes.


Psicóloga Cristiane Borsatto Santiago
CRP 06/120765
psicologacristianebs@gmail.com
55 13 997234954